Ex-aliados que consolidaram hegemonias políticas no Estado, Cid Gomes (Pros) e Tasso Jereissati (PSDB) voltaram ontem a medir forças nas redes sociais. Esquentando novamente o clima da campanha eleitoral, o governador rebateu críticas do candidato a Senador e disse que o índice de homicídios no Ceará foi “sempre crescente” durante a gestão do tucano.
Na última quarta-feira, Jereissati fez diversas críticas à atual gestão, afirmando que a Segurança foi “desmantelada”. Logo às 9 horas de ontem, o governador anunciou que responderia os questionamentos “ranzinzas” do candidato. A reação ocorreu por meio do Facebook, em publicações a partir das 12 horas de ontem.
Logo após afirmar que índice de homicídios “foi sempre crescente” durante a gestão Tasso, Cid comparou ações de sua gestão e da administração tucana na Segurança. Em sequência, o governador publicou imagens da Coordenadoria Integrada de Operações Policiais (Ciops), inaugurada durante o governo Tasso, e de três Centros Integrados de Comando e Controle Regional concluídos durante sua gestão.
Cid Gomes comentou ainda declaração de Tasso de que “sem o Castanhão o Ceará estaria sem água”. “Será que ele está querendo assumir a paternidade do Castanhão? Relembrando: quem deu ordem de serviço do Castanhão, pelo menos formalmente e sob protesto do ex-governador, foi Paes de Andrade, então Presidente da Câmara no exercício da Presidência (da República”, disse. Paes de Andrade é sogro de Eunício Oliveira (PMDB), candidato que disputa contra Cid neste ano.Cid finalizou dizendo que, durante sua gestão, foram gerados 349.416 empregos com carteira assinada. “Mais que o triplo dos 12 anos do ex-governador”. Afirmou ainda que sua gestão construiu 102 escolas profissionalizantes, contra nenhuma da gestão tucana.
Embates
Críticas de Tasso que motivaram a reação foram feitas em bate-papo online do tucano com eleitores. “Procurei os melhores especialistas, contratamos um consultor. Ele fez um bom trabalho de planejamento, onde a ideia era de uma polícia com sistema de informação, com integração; e hoje estamos no sentido contrário”, disse Tasso. Ele ainda “lamentou” atraso de ações como a transposição do São Francisco.
Cid já havia utilizado do Facebook para responder Tasso. Em novembro do ano passado, após o senador estrelar inserções críticas do PSDB na televisão, o governador “lançou desafio” na rede: “Some tudo que o Tasso fez nos seus doze anos. Multiplique por dois e ainda não dará o que foi feito nestes últimos sete anos”.
O POVO procurou a assessoria de Tasso Jereissati durante todo o dia de ontem para comentar o caso, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Em contato com o Blog do Eliomar, no entanto, a assessoria negou que o tucano fosse contrário ao Castanhão.
Tira-teima
1. Segurança
Tasso afirma que Segurança foi “desmantelada” durante a gestão Cid Gomes. O governador, por outro lado, argumenta que índice de homicídios foi “sempre crescente” durante os três governos do tucano no Estado.
Durante a primeira gestão de Tasso (1987-1990), taxa de homicídios por 100 mil habitantes foram de 7,2 para 8,8. Já no segundo e terceiro governos (1995-2002), a mesma taxa se elevou de 12,6 para 18,9. A informação de que houve crescimento durante toda a gestão, no entanto, não é 100% correta: nos anos de 1987, 1990 e 1998, os índices de homicídio apresentaram quedas.
No primeiro ano de governo Cid, taxas de homicídios estavam na casa dos 23,2 por 100 mil habitantes. Em 2012, o índice foi para 44,6 homicídios. De 2007 a 2012, quando termina série histórica do último mapa da violência, todos os anos apresentaram aumentos nos índices de homicídios.
2. Recursos Hídricos
O ex-senador argumenta que o Ceará estaria sem água se não fosse pela construção do açude Castanhão, iniciada em seu governo. Cid, por outro lado, contesta fala de Tasso, afirmando que a paternidade da obra é do ex-deputado Paes de Andrade. Ele ainda acusa o tucano de ter se posicionado contra o açude na época.
O projeto que prevê a construção do Açude Castanhão foi sancionado em 1989 por Paes de Andrade. Na época, ele era presidente da Câmara dos Deputados e assumiu interinamente a Presidência da República por conta de viagem do presidente Sarney.
Inicialmente, Tasso se posicionou contrário à construção do Castanhão. As críticas provocaram inclusive rompimento dele com Paes de Andrade. Alvo de críticas, Tasso ponderou depois que não era contra a obra em si, mas contra a forma em que foi aprovada.
3. Empregos
Tasso diz que é preciso investir em qualificação de jovens. Segundo ele, somente assim todos poderiam competir de igual para igual no mercado. Em sua defesa, Cid afirma que gerou três vezes mais empregos com carteira assinada do que o tucano. Ele destaca ainda que construiu 102 escolas profissionalizantes, contra nenhuma de Tasso.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), primeira gestão de Cid Gomes (2007-2010) teve geração de 183.655 empregos com carteira assinada. Já o último governo de Tasso (1999-2002) teve geração de 71.514 empregos.
Terceira gestão de Tasso, no entanto, foi marcada por período de forte recessão econômica, o que prejudicou geração de empregos. O Caged, no entanto, não fornece dados anteriores ao período pesquisado.
Fonte: Jornal O Povo