Páginas

domingo, 8 de setembro de 2013

Hoje, o PSB indicaria o nome de Mauro Filho



O PSB de Cid Gomes, independentemente de uma candidatura ou não do governador pernambucano, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, à sucessão de Dilma Rousseff, indicará um candidato a governador do Ceará, esperando ter a participação do PMDB e do PT na chapa majoritária, além das outras legendas hoje suas parceiras, na política estadual.

O nome do ungido, ninguém ousa falar, mas como só existiam dois pretendentes: Leônidas Cristino e Mauro Filho, e Leônidas já está escalado para ser um dos seis prováveis deputados federais da agremiação, Mauro é o nome para liderar o acordo e disputar a sucessão de Cid Gomes.

Todos os entendimentos direcionados para a formação do trio: governador, vice e senador, para disputar o pleito de outubro do ano vindouro, se dão sem a indicação de nomes para os respectivos cargos. A manutenção da aliança nascida em 2006, e agora ampliada com a participação do DEM, de Moroni Torgan, está sendo trabalhada no sentido de entregar ao governador o comando da sua própria sucessão e ajustar as coligações proporcionais, no sentido de eleger o maior número possível de correligionários, tanto para a Assembleia quanto para a Câmara Federal.

Adequação

O governador, em 2014, só chancelaria o acordo ou, se dificuldade mais aguda houver na sua formatação, entrará nas negociações para, como uma última instância, demover os obstáculos sem alterar o projeto arquitetado para eleger o sucessor saído do seu próprio partido.

Hoje, Ciro Gomes conduz essa estratégia de adequação das forças políticas aliadas, tendo o deputado José Albuquerque como operador. Não será uma tarefa de fácil conclusão. O senador Eunício Oliveira, controlador do PMDB, e atualmente empenhado em construir sua candidatura ao Governo, por certo será estimulado pelos liderados peemedebistas a reagir.

Cid, pelo compromisso de só tratar de eleição no próximo ano, neste momento tem evitado conversar com os políticos a ele ligados, até sobre filiações partidárias, cujo prazo se expira no dia 4 de outubro, para todos quantos queiram disputar um mandato em 2014. O governador quer evitar compromissos sobre candidaturas e complicações com dirigentes de agremiações amigas. São muitos os políticos, hoje, interessados em disputar um mandato, no próximo pleito, por uma agremiação controlada pelo Governo.

Nesta semana, a assessoria política do governador concluirá todos os entendimentos para acomodar, deputados, prefeitos e outros políticos interessados em filiarem-se nas agremiações comprometidas em votar nos candidatos majoritários apontados por Cid. Os já detentores de mandatos legislativos, por conta da Lei da Fidelidade partidária, só devem se filiar a um partido novo, sob pena de sofrerem ameaças ou propriamente a perda dos respectivos mandatos. Para esses, o esquema governamental está apostando em duas siglas em formação: Solidariedade e Pros.

Comando

O deputado federal Paulinho da Força, responsável pela estruturação do partido a ser chamado de Solidariedade, já se comprometeu em entregar o comando da nova agremiação, tão logo seja oficializada, ainda neste mês, para o governador indicar os primeiros filiados, incluindo alguém com chances de conquistar um mandato de deputado federal. E nos próximos dias, Cid também receberá Eurípedes Júnior, responsável pela criação do Partido Republicano da Ordem Social - Pros, trazendo idêntica proposta.

Todos esses partidos, e os menos expressivos, só se interessam em eleger deputados federais em razão dos benefícios proporcionados na parte relativa a tempo de rádio e televisão, além de recursos do Fundo Partidário, ambos condicionados à composição das suas bancadas na Câmara Federal. O tempo para a propaganda eleitoral e os recursos do Fundo são bens extremamente valiosos para o efetivo funcionamento de suas estruturas cartorárias e de troca nas composições a se concretizarem nas eleições seguintes.

Apesar do desconforto no PSB, em razão de uma possível candidatura presidencial de Eduardo Campos contra Dilma, a preferida de Cid, ninguém ligado ao governador sairá do PSB. Nas novas siglas serão amparados deputados estaduais e prefeitos, hoje nos quadros do PMDB, PRB, PSDB, PRP, PSL e outros.

Chances

No caso específico do vice-governador Domingos Filho, hoje filiado ao PMDB, também pretenso candidato ao Governo do Estado, só para o fim do mês ele anunciará o novo partido. Pessoalmente, gostaria de ingressar no PSB, mas o PSD deverá ser mesmo o seu ancoradouro.

Em ambos, sentir-se-á em casa e com as mesmas chances de concretizar o seu objetivo, postular o Governo. Porém, dúvida maior é a decisão de sair só ou com alguns prefeitos. Na primeira hipótese, nem sua mulher, Patrícia Aguiar, prefeita de Tauá, o acompanharia. Na segunda, ela e alguns outros prefeitos, hoje no PMDB, ligados a ele, há algum tempo, se filiarão ao partido pelo qual optar.

Cid apoiará qualquer decisão tomada pelo vice-governador, em se tratando de filiação partidária, inclusive a de ficar no PMDB, onde, na verdade, não há mais espaço para sua militância. Domingos, por não ser obstáculo para qualquer estratégia política do governador, até em relação à sucessão estadual, será uma importante peça para consolidar o projeto ora arquitetado pelo esquema governamental. Até a próxima semana, porém, após uma nova conversa específica com o governador e as despedidas do PMDB, ele formalizará seu ingresso à nova sigla.

Secretarias de Estado sem os titulares

A reforma no secretariado do governador Cid Gomes ainda não foi entendida pela maioria dos políticos cearenses, tanto em relação à estratégia política quanto em razão da administração. A primeira pela extemporaneidade, embora seja uma providência que o chefe do Executivo pode tomar quando bem lhe aprouver. E a segunda, pela falta de indicação imediata dos substitutos, principalmente o do secretário de Segurança Pública.

A segurança, um dos pontos mais vulneráveis do atual Governo, reclamava a substituição do secretário casada com o nome do novo titular, notadamente neste momento em que boa parte da população experimenta uma grande sensação de insegurança, e os números de ocorrências policiais realmente estão alarmantes em todo o Estado.

Oficialmente, o secretário Francisco Bezerra, como todos os outros anunciados pelo governador na última sexta-feira, ainda não foram exonerados. Mas em tendo anunciado a saída deles, todos estão inviabilizados para a tomada de qualquer medida urgente que venha a ser reclamada, inclusive, se for o caso, alguma relacionada à ordem pública. Todo o País estava atento para os movimentos programados para o 7 de Setembro e o Estado ficar sem o secretário de Segurança, exatamente nesse dia, não era o que se esperava.

Atos

É certo que em todas as secretarias estaduais existem o reserva do titular. Ora, esse elemento, no caso da Segurança, por certo também está fragilizado e, consequentemente, sem a força necessária tanto para comandar a tropa como para inspirar confiança na população refém da insegurança, mesmo que sua passagem pelo cargo seja meteórica.

O Diário Oficial do Estado que tem sua regularidade de circulação, no fim de cada dia útil, na sexta-feira não circulou. Os servidores responsáveis pela sua produção foram dispensados no início da noite e portanto, só na segunda-feira os atos do governador serão publicados, podendo então virem juntos os de exonerações e nomeações dos novos titulares das pastas cujos titulares deixam o Governo.

A não indicação dos novos secretários é também uma confirmação de que o governador não havia conversado, antes de tomar a decisão de substituir auxiliares, com nenhum dos seus parceiros de aliança, embora alguns políticos tenham dito haver tratado do assunto com ele, na semana anterior, talvez até para não atestarem a pouca importância que têm no contexto geral da aliança e do Governo.

Ontem, até o fim da manhã, o governador não deu nenhuma informação sobre o processo que ele inaugurou na sexta-feira à noite. A assessoria do Palácio da Abolição também não tinha fato novo sobre saída e entrada de secretários no Governo.

Os auxiliares de Cid que foram afastados dos seus cargos evitaram comentar o desligamento. Alguns deles, por sinal, nem sequer falaram com o governador, pois foram comunicado do afastamento pelo chefe de Gabinete, Danilo Serpa.

Os deputados estaduais Camilo Santana (PT), Francisco Pinheiro (PT), Gony Arruda (PSD) e Mauro Filho (PSB), embora tenham 30 dias para reassumirem seus mandatos, estão sendo esperados na Assembleia Legislativa já na próxima terça-feira, tão logo sejam publicados os atos de exoneração no Diário Oficial do Estado de segunda-feira.

EDISON SILVA
EDITOR DE POLÍTICA 

Fonte: Diário do Nordeste