Os recursos extra transferidos em dezembro pelo governo federal aos municípios aliviou o caixa das administrações, mas a crise financeira está longe de findar e permanece como o maior desafio para os novos gestores. Na maioria das cidades, não houve festas populares de Réveillon.
Muitos dos novos gestores se queixam que estão recebendo as prefeituras com elevadas dívidas e obras inacabadas. O presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Expedito Nascimento, disse que a situação orçamentária permanece grave e deixou um recado para os novos gestores. "É preciso primeiro olhar para as receitas, cortar gastos, implantar uma gestão técnica e séria, evitando pressão política. Quem planejar vencerá as dificuldades que devem se agravar", disse.
A prefeita de Icó, Laís Nunes (PMB), disse que recebeu o município sem as necessárias informações, pois apenas 40% dos documentos foram repassados pela gestão anterior e muitos com dados incompletos. "Há dívidas, mas não podemos quantificar. "Vamos inicialmente conhecer a situação financeira, priorizar a limpeza, porque a cidade está um lixo só, e melhorar os serviços de Saúde e Educação", disse.
Sertão Central
As prefeituras da maioria das cidades do Sertão Central estão quebradas. A principal meta dos gestores recém-empossados é reequilibrar as finanças e manter os pagamentos em dia, mas, com o caixa zerado, este tem sido um cenário cada vez mais distante. Em Quixadá, o prefeito, Ilário Marques (PT) elaborou um plano para os 100 primeiros dias de seu governo e uma das primeiras ações é cortar cerca de 30% de contratos.
"Definimos 14 medidas e a prioridade é o equilíbrio financeiro e o pagamento em dia do servidor. A cidade está atolada em problemas e os dois últimos governos promoveram um progressivo desmonte", disse Ilário Marques. Além de imóveis deteriorados e obras inacabadas, Marques disse que há dívida de R$ 6 milhões com a Previdência Municipal de Quixadá.
Em Banabuiú, a nova equipe administrativa está encontrando problemas para reequilibrar as contas do Município. "A Prefeitura está na lama. Temos que cortar contratos e despesas desnecessárias", disse o novo prefeito, Edinho Nobre (PDT).
A crise que vem abatendo as prefeituras fez com que 55% dos prefeitos desistissem de disputar a reeleição. Entre os que concorreram, cerca de 50% não obtiveram êxito. A justificativa para quem desistiu de concorrer ou foi derrotado é que a crise paralisou as administrações. Segundo a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, 20% das prefeituras no Nordeste estão em situação de emergência ou calamidade pública decorrente da seca prolongada.
Cariri
Em Juazeiro do Norte, o prefeito Arnon Bezerra (PTB) reconheceu que vai enfrentar dificuldades em seu primeiro ano de mandato diante da crise política e financeira que atinge o Brasil. "Há um elevado número de servidores que onera bastante a Prefeitura e 2017 será um ano de ajustes", anunciou. "Não vou ficar reclamando. Minha proposta é trabalhar muito para reverter o quadro desfavorável e elevar a estima dos juazeirenses", completou.
Fonte: Diário do Nordeste