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terça-feira, 27 de maio de 2014

MPF denuncia deputado estadual por desvio de recursos públicos

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o deputado estadual Francisco José Teixeira, Dedé Teixeira, e a empresa CIMA Construções, Instalações e Manutenções, Administração Ltda. por desvio de recursos públicos federais. De acordo com o órgão, uma fiscalização feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) apontou uma série de irregularidades na aplicação de recursos na época em que o deputado era prefeito do município de Icapuí. 

Segundo o MPF, a fiscalização da CGU apontou que não foi recolhido a contribuição previdenciária nos pagamentos efetuados à empresa responsável pela construção de um centro de eventos no município de Icapuí. O convênio para a obra foi firmado durante a gestão de Dedé Texeira, e a empresa responsável era a CIMA Construções, Instalações e Manutenções, Administração Ltda.

A verba para a obra, conforme o Ministério Público, foi proveniente de um convênio efetuado com o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) para o recebimento de 90 mil reais. Somando-se a esse valor a contrapartida municipal de R$ 4.500,00 e um saldo de aplicação financeira de R$ 14.985,00, a verba total destinada à obra foi de R$ 109.485,00. 

De acordo com a Lei nº 8.212/1991, o contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, incluindo a construção civil, tem a obrigação de reter 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher esse valor à Previdência Social, o que não foi feito. Com isso, houve um c aos cofres públicos, valor recebido indevidamente pela empresa contratada. 

Procurado pela Redação Web do Diário do Nordeste, o advogado do deputado, Wilson Vicentino, explicou que a previdência a ser paga é referente a dezembro de 2004, mas o prazo de depósito era até janeiro de 2005, quando Dedé Teixeira já não era mais prefeito do município. Segundo o advogado, as denúncias já foram esclarecidas e há muita especulação. “O processo é de 2010, mas não foi julgado. Qualquer comentário sem decisão judicial é vazio, sem fundamento”, ressalta. 

Por ser deputado estadual, Dedé Texeira tem foro privilegiado em ações criminais, por isso, o Ministério Público Federal ofereceu a denúncia ao Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (TRF5).  Conforme o MPF,  os acusados deverão ser notificados para apresentar defesa preliminar e, posteriormente, o Pleno do Tribunal avaliará a denúncia, que, se for recebida, será transformada em ação criminal. 

Ainda de acordo com o MPF, o ex-prefeito e a empresa são acusados do crime de responsabilidade previsto no artigo 1º, I, do Decreto-lei nº 201/67: "apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio". Caso sejam condenados, eles podem receber pena de reclusão, de dois a doze anos, além de perda de cargo e a inabilitação, pelo prazo de cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, sem prejuízo da reparação civil do dano causado ao patrimônio público ou particular. 

A reportagem tentou entrar em contato com a CIMA Construções, Instalações e Manutenções, Administração Ltda., mas até a publicação desta matéria as ligações não foram atendidas. 

Fonte: Diário do Nordeste