Cerca de 60 pessoas participaram, na manhã deste sábado (24), da manifestação “Cadê meu Caviar. Buchada no Palácio”. O ato começou às 10h e ocorreu em frente ao Palácio da Abolição, sede do Governo Estadual.
O objetivo dos manifestantes era criticar os gastos de até R$ 3,4 milhões com serviços de buffet, cujo contrato foi recentemente renovado pelo Governo do ceará. Alguns armaram cadeiras e mesas nas calçadas das ruas e outros preferiram comer a buchada no chão mesmo.
Durante o manifesto, além da buchada, o grupo serviu panelada e outros pratos da culinária nordestinas para moradores da região. O estudante Fabrício Henrique Amaral, de 19 anos, gostou da ideia e acredita que a buchada tenha servido para rebater as críticas do deputado Fernando Hugo (PSDB) que defendeu o governador Cid Gomes (PSB), afirmando que os pratos típicos locais não serviriam para oferecer para convidados de outros países. "É uma forma pacífica e inteligente de nós mostrarmos que nossa comida é excelente e ao mesmo tempo cobrar melhorias para saúde e educação. Ao invés dele gastar R$ 3,4 milhões com pratos caros deveria investir o capital em benefício da população", afirmou.
O artista plástico, Nonato Araújo, de 34 anos, participou do evento e falou que o governador deveria dar mais atenção para as vítimas da seca que praticamente não tem o que comer. "O dinheiro bem que poderia ser revestido para os nossos irmãos do interior que sofre com a falta de água e comida. Tomara que o governador tenha mais sensibilidade até o fim do seu mandato", afirmou.
Moradores que residem próximo ao Campo do América, da Rua José Vilar, no Bairro Aldeota, aprovaram o protesto e fizeram fila para apreciar buchada e panelada. A dona de casa, Maria da Conceição da Silva, 58, trouxe duas vasilhas e afirmou que o cheiro estava ótimo. "Isso é bom de todo jeito. Com farofa, limão, cuscuz, enfim, é uma delícia. É um prato que nunca canso de comer", disse.
Já o auxiliar administrativo, Francisco Antônio de Melo, de 36 anos, também trouxe um depósito para aproveitar a iguaria cearense. "Eu sou mais fã da panelada. Estou de folga e com uns primos lá em casa. Caiu do céu essa paneladinha. O arroz e a salada estão lá em casa só ouvindo a conversa. E claro, aquela cervejeinha gelada", disse sorrindo.
Devido ao protesto o trânsito no entorno do Palácio ficou complicado. As Ruas Pereira Filgueiras, Silva Paulet e Tenente Benévolo teve parte dos seus trechos bloqueados. O comerciante Gilvan Abrão Almeida, até disse ser a favor da manifestação, mas era para ser realizada em um dia e horário mais convincente. "Nada contra os protestos. Eles estão no direito deles. Mas quem acaba sendo prejudicado é uma parte da população que tem compromissos", disse.
O deputado estadual Heitor Férrer (PDT) foi quem denunciou, no início deste mês, em discurso na Assembleia Legislativa do Ceará, os gastos do Governo do Estado com o cardápio que tinha como itens caviar, salmão e camarão. Heitor Férrer reclamou do valor do serviço e disse que a verba do contrato era suficiente para cavar um poço profundo por dia.
No último dia 19, o governador do Ceará, Cid Gomes, afirmou que vai retirar itens exóticos e refinados do contrato milionário com um serviço de buffet. “Posso até tirar os pratos exóticos do buffet, aliás, vou fazer isso, se querem demagogia, vou mandar retirar coisas exóticas desse cardápio. Tudo o que for com nome francês, com nome inglês e com nome russo vai sair. Vai ficar só nome em português”, afirmou na ocasião, o governador.
E na quinta-feira (22), a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou, por unanimidade, o requerimento solicitado pelo deputado de oposição Heitor Férrer pedindo detalhes sobre o serviço de buffet contratado pelo Governo do Ceará no valor de R$ 3,4 milhões. O caso que ficou conhecido no estado como “farra do caviar” devido aos pratos finos e exóticos presentes no cardápio.“Nós pedimos informações sobre onde ocorreram os eventos com o serviço do buffet, motivação do evento e o valor de cada um deles”, explica o deputado Heitor Férrer. “A partir daí nós vamos verificar se há alguma irregularidade e decido se vou ou não recorrer ao Ministério Público para denunciar o caso”, disse.