"Nós vamos extinguir o Ministério da Cultura e teremos apenas uma secretaria para tratar do assunto. Hoje em dia, o Ministério da Cultura é apenas centro de negociações da Lei Rouanet", afirmou o pré-candidato à Presidência pelo PSL Jair Bolsonaro, em entrevista em Curitiba antes de um almoço com cerca de 2 mil apoiadores, vários deles fardados e armados, em um tradicional restaurante da capital paranaense.
"Da próxima vez quero ver 200 pessoas armadas aqui dentro", disse ele, sob aplausos. "A arma, mais que a defesa da vida, é a garantia da nossa liberdade", justificou, acompanhado dos deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) e Fernando Francischini (PSL-PR), além do ator Alexandre Frota - já anunciado pelo pré-candidato como seu ministro da Cultura, caso seja eleito.
Bolsonaro defendeu que o Ministério da Cultura seja substituído por uma secretaria vinculada ao Ministério da Educação e também um maior repasse de verbas para artistas em início de carreira.
A lei Rouanet possibilita que empresas destinem parte do que devem ao Estado em impostos para investimento em projetos culturais. Mas, para que possam captar esses recursos, os idealizadores dos projetos precisam de aprovação de órgão do Ministério da Cultura. A pasta também realiza outros tipos de investimentos na área cultural.
Na última quarta-feira (28), Bolsonaro comentou em tom de brincadeira, por meio de um vídeo na internet, que um de seus cabos eleitorais mais conhecidos, o ator Alexandre Frota, poderia ser o ministro da Cultura em uma eventual gestão. A brincadeira foi repetida na entrevista de aproximadamente 20 minutos realizada na manhã desta quinta-feira (29).
Em sua conta no Twitter, Bolsonaro acusou a mídia de "má fé" por dar destaque a um "vídeo descontraído". "Não escolhi ministro da cultura, até porque, chegando lá, nem existirá esse Ministério, será uma secretaria dentro do Ministério da Educação", disse em sua conta na rede.
Segundo Bolsonaro, o Ministério da Cultura deve evitar que o dinheiro público vá para "artistas figurões". "Temos que atender o artista em início de carreira, que pode, com toda a certeza, ter futuro", resumiu Bolsonaro, sem dar mais detalhes da atuação da secretaria em outras áreas.
O UOL entrou em contato com o Ministério da Cultura para falar sobre as afirmações de Bolsonaro e aguarda resposta da pasta.
Impunidade
Em um clima de rivalidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que encerrou a sua caravana ontem em Curitiba, Bolsonaro comentou a respeito da possibilidade da prisão de réus condenados em processos de segunda instância ajudar a reverter a sensação de impunidade que existe no Brasil.
"Sem a prisão de segunda instância, você está garantindo a impunidade", afirmou.
Mesmo com todas as dificuldades para a candidatura do ex-presidente, Bolsonaro coloca Lula como o seu principal adversário. "Não costumo confiar em pesquisas eleitorais, mas elas dão uma sinalização. Sem o Lula, elas me colocam em primeiro lugar, até com bastante vantagem. Com o Lula, estou na frente em quatro regiões do Brasil, mas perco no Nordeste", explicou.
Sobre os tiros disparados contra a caravana do ex-presidente, na última terça-feira (27), o presidenciável atribuiu a culpa aos membros da comitiva do Lula. "Eles são especialistas nisso, em se vitimizar", criticou.
Na ocasião, Lula condenou os disparos e disse que seus opositores não vão pará-lo. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse classificou o episódio dos tiros como uma emboscada.
"Tudo é preconceito"
Questionado sobre como convencer a população a votar nele em razão das várias polêmicas em que se envolve, Bolsonaro afirmou que o Brasil está se tornando um "país chato". "Eu sou uma pessoa que brinca, que gosta de fazer piada. O Brasil está se tornando um país chato. Não pode mais contar piada de cearense, de goiano, de gaúcho. Tudo é preconceito", criticou. Com informações do Estadão Conteúdo.