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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Baixos salários causam debandada de inspetores e escrivães da Polícia Civil do Ceará

Além de enfrentar o problema da superlotação de presos nas delegacias, as constantes rebeliões e fugas nas distritais e desvio da função investigativa para de custódia e escolta de detentos, a Polícia Civil cearense enfrenta uma grave crise de falta de efetivo. E um dos motivos dessa deficiência é a evasão de servidores. Uma verdadeira debandada de comissários e escrivães tem ocorrido nos últimos anos.
Segundo denúncia do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpol), a evasão de servidores se deve à falta de perspectiva de melhorias na carreira, principalmente em relação à questão financeira. A baixa remuneração dos servidores e o “fosso” entre seus vencimentos e o dos delegados (seus superiores hierárquicos), além do acúmulo de serviço, tem levado dezenas de policiais a buscar mudar de profissão ou, ao menos, de instituição.
Segundo Gustavo Simplício, presidente do Sinpol, atualmente, a média de vencimentos de um escrivão ou de um inspetor é de  aproximadamente R$ 3 mil.  Ele conta que no vizinho estado do Piauí, por exemplo, o salário chega a ser o dobro, mesmo sendo um estado de menor capacidade financeira.
Conforme o representante da classe,  em 2012 ingressaram na Polícia Civil do Ceará, através do devido concurso público, cerca de 1.480 novos policiais. Destes, cerca de 650 já foram embora da corporação. Fizeram concursos públicos para outras instituições que apresentam maiores possibilidades de crescimento profissional e, consequentemente, com maior salário.
Ele explica que, mesmo com a exigência de curso superior para ingresso na instituição, os policiais não recebem o tratamento vencimental  aceitável, tento, portanto, salários de servidores de nível médio.
Trampolim
Na mesma tecla bateu o deputado estadual Capitão Wagner (PR), na tribuna da Assembleia Legislativa do Ceará na manhã de quinta-feira (22). Segundo o parlamentar, “a Polícia Civil do Ceará se transformou em um trampolim para concurseiros”, já que os candidatos aprovados passam pouco tempo na instituição e logo saem em busca de melhores salários.
Ainda de acordo com o político, paulatinamente, a carreira vem sendo esvaziada e isso produz uma gravíssima conseqüência, a falta de pessoal para o exercício da atividade primordial da Polícia Civil, a apuração de crimes. Sem ela, os delitos ficam sem esclarecimento e isto resulta na impunidade dos delinquentes.
Fonte: Ceará News 7