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domingo, 6 de abril de 2014

Oceano descoberto em lua de Saturno pode abrigar vida

A pequenina lua Encélado, do planeta Saturno, esconde um oceano de água líquida sob a crosta congelada. A descoberta, que amplia o leque de objetos no Sistema Solar que podem abrigar vida, foi conseguida graças à sonda espacial euro-americana Cassini, há 10 anos em órbita do planeta famoso por seus anéis. 
Os pesquisadores aplicaram na Terra uma opção criativa de pesquisar o interior do satélite, com apenas 504 quilômetros de diâmetro. Eles deixaram a Cassini, sem tripulação, passar perto da lua e mediram os efeitos gravitacionais resultantes. Foram três sobrevoos desse tipo, passando a menos de 100 quilômetros da superfície de Encélado.
Medindo distorções nos sinais de rádio enviados pela nave, os cientistas conseguem detectar pequenos desvios de curso da sonda, da ordem de um milímetro, causados pela interação com a gravidade da lua. Com esse mapeamento do campo gravitacional, descobriram anomalias no polo sul do satélite natural que seriam explicadas se Encélado tivesse uma estrutura interna diferenciada, com um núcleo de rocha e um oceano regional de água líquida sob 30 ou 40 km de gelo no hemisfério sul.
O achado é compatível com descobertas anteriores pela Cassini, que havia identificado plumas de água líquida emanadas de rachaduras sobre o polo sul de Encélado. Juntando tudo, os cientistas imaginam que esses jatos sejam provenientes do oceano que há sob a crosta de gelo. Mas ainda há muitas interrogações.
O mecanismo exato que preserva a água em estado líquido nessa região fria do Sistema Solar ainda é misterioso. Acredita-se que o fenômeno esteja ligado ao efeito de maré provocado por Saturno, conforme Encélado viaja em sua órbita ao redor dele. Contudo, antes da chegada da Cassini, nenhum cientista apostava que haveria energia suficiente para produzir um oceano líquido.
Os pesquisadores agora imaginam que talvez seja um processo transitório, em que a lua periodicamente passa por achatamentos e circularizações de sua órbita. Acompanhando esse processo, o oceano congelaria e derreteria sucessivas vezes, ao longo dos 4,6 bilhões de anos de existência do Sistema Solar.
Sempre que se fala em água líquida, o pensamento imediato é a busca por vida extraterrestre. Poderiam existir criaturas vivas no oceano de Encélado? “Conhecemos criaturas na Terra que viveriam perfeitamente bem lá”, diz Jonathan Lunine, da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, um dos autores do novo estudo liderado por Luciano Iess, da Universidade de Roma.
Fonte: Folhapress