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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

'Doía demais', diz menina internada com mais de 200 bernes na cabeça

A menina de 11 anos que foi hospitalizada com mais de 200 bernes na região da cabeça e pescoço, em Goiânia, diz que sofreu muito até a retirada das larvas. “Eles andavam sem parar e eu sentia algumas pontadas, como se fossem picadas. Doía demais”,disse. A criança ficou três dias internada no Hospital Materno Infantil (HMI) e foi diagnosticada com pediculose (piolhos) e miíase, doença caracterizada por larvas, popularmente conhecidas como bernes.

A garota foi levada ao hospital pelo próprio pai no último dia 28. Segundo o HMI, ela foi tratada com antibióticos e recebeu alta no dia 31. Depois, foi entregue ao Conselho Tutelar, que a encaminhou para o Centro de Valorização da Mulher (Cevam). “Eu estava ficando doida e gritava de dor. Mas tiraram eles [bernes] e agora está bom, aqui estão cuidando bem de mim”, afirmou.

A família da menina mora em um barraco às margens do Rio Meia Ponte. No local, não há água encanada, nem energia elétrica e o esgoto corre a céu aberto. Além dela, os pais têm outros quatro filhos, de 1, 4, 6 e 15 anos. A filha mais velha saiu da casa para morar com o namorado. Quem cuidava das crianças mais novas para a mãe trabalhar era a garota de 11 anos. “Estou com muitas saudades dos meus irmãozinhos. Quero voltar para ficar com eles, mas só quando a gente tiver a nossa casa”, destacou.

Na cabeça da criança, é possível ver os furos feitos pelos bernes. Agora, tomando medicamentos de três em três horas, ela diz que já se sente melhor. A única coisa que lamenta é a cabeça raspada “Quase não dói mais. O ruim é que agora não tenho mais cabelo, mas sei que ele vai crescer de novo”, afirmou a menina.

Berne é uma infecção provocada pela larva da mosca-varejeira, que deixa seus ovos quando pousa numa ferida da pele do homem ou do boi. As larvas saem dos ovos e provocam uma inflamação, deixando a pele vermelha e dolorida. Mais frequente no couro cabeludo, rosto e ombros, essa infecção é mais comum em crianças pequenas e idosos, que não têm muita mobilidade para espantar a mosca.
Em casos mais graves, a ferida se fecha com as larvas dentro da pele e, nesse caso, é preciso procurar um médico para extrair as larvas. Segundo a dermatologista Márcia Purceli, caso não seja possível procurar um médico, a pessoa pode colocar bacon ou um toucinho no local porque as larvas se deslocam e "grudam" nessa gordura.

Assim como em qualquer outra situação, a higienização das feridas é extremamente importante. Elas devem ser bem limpas e cobertas com gaze ou esparadrapo. O alerta da dermatologista é para a duração das lesões, que normalmente demoram 28 dias para serem fechadas.