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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Governador do Ceará responsabiliza comando de greve por rebeliões

O governador do Ceará, Camilo Santana, responsabilizou o comando da greve dos agentes penitenciários pelos recentes episódios de rebeliões, conflitos e mortes ocorridos nos presídios durante o fim semana. Segundo Camilo, os agentes impediram as visitas aos presos, o que causou revolta entre os detentos. A afirmação foi feita nesta terça-feira (24) durante cerimônia do aniversário de 181 anos da Polícia Militar no Palácio da Abolição, sede do Governo do Ceará.
Conforme Camilo Santana, existem provas indicando que o comando da greve impediu as visitas aos presos. O governador ressaltou que o caso está sendo investigado. O G1 tentou entrar em contato com o sindicato para comentar as afirmações do governador, mas as ligações não foram atendidas.
"Houve responsabilidade do comando de greve para impedir as visitas, tem áudio, está gravado. É tanto que nos presídios que não houve problema de visita ocorreu tudo normal. Quando os presos ficaram sabendo que estavam proibindo as visitas de entrar, isso causou um pânico e aí começou a rebelião. Isso vai ser apurado, é obrigação do Estado", relatou.
O governador acrescentou que as tropas da Força Nacional que virão ao Ceará auxiliarão na segurança para recuperar as unidades prisionais que foram destruídas. A expectativa é que o reforço chegue a Fortaleza ainda nesta semana.
"Para garantir a segurança dos que estão presos e para fazer a recuperação física é preciso de contingente. Foi por essa necessidade que eu solicitei auxílio da Força Nacional, porque não posso comprometer todos os policiais no serviço lá [presídios]", ressaltou.
Um comboio com mais de 20 viaturas saiu da base de treinamentos da Força, no Gama (DF), com destino à capital cearense. O grupo chega por terra porque, de acordo com o Ministério da Justiça, os militares trabalham com apoio das viaturas.
O governador afirmou também que deve concluir nos próximos meses a Casa de Privação Provisória de Liberdade V, que deve amenizar a lotação nas unidades. "Estamos acelerando a conclusão da CPPL V, que permitir transmitir mais 1.200 homens para lá, estamos construindo também um presídio de semiliberdade, vamos já transferir alguns presos para lá."
Rebeliões e mortes  

Até esta terça-feira (24), foram confirmadas, pela Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), 18 mortes durante as rebeliões ocorridas no fim de semana. Já o juiz corregedor dos presídios, César Belmino, informou que o número de óbitos pode chegar a 26.

Ao todo, oito detentos mortos já foram identificados. Outros dez corpos serão submetidos a exames de DNA na Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). (veja na tabela ao lado o nome dos oito presos já identificados).
crise nos presídios cearenses chegou ao quarto dia consecutivo. Após diversas rebeliões registradas entre o sábado e a segunda-feira, a situação ainda é de instabilidade nesta terça-feira (24).
A Sejus comunicou que o Departamento de Arquitetura e Engenharia avalia os danos e faz encaminhamentos para os reparos necessários. Não houve interrupção no fornecimento de água nem comida e a pasta enviou assistentes sociais para a entrada dos complexos e nos prédios para oferecer apoio aos familiares dos presos.
Os agentes penitenciários também retornaram ao trabalho no sábado, após cerca de 12h de paralisação. A categoria aceitou a proposta de reajuste na Gratificação por Atividades e Riscos (Gaer), que era de 60%, para 100%. O reajuste será pago de forma escalonada: 10% em fevereiro de 2017, 10% em janeiro de 2018 e 20% em novembro de 2018.
Em nota, a Secretaria da Justiça também divulgou que foi realizada a transferência emergencial de internos para o Centro de Execução Penal e Integração Social, nova unidade prisional do Complexo Itaitinga II. O local está com 95% das obras finalizadas.
Segundo a pasta, a medida teve como objetivo resguardar a integridade física desses internos, visto que eles foram ameaçados por outros internos.
Fonte: G1